Fundada em 1974, a SBCPO certifica cirurgiões que se especializaram em cirurgias palpebrais, vias lacrimais e de órbita. Conheça um pouco da história da cirurgia plástica ocular em discurso proferido pelo professor Eduardo Soares:
"A Cirurgia Plástica Ocular estabeleceu-se como sub-especialidade da Oftalmologia em conseqüência direta da I e II Guerras Mundiais. Em 1920, as exigências da I Guerra estimularam Wheeler, considerado o pai da Cirurgia Plástica Ocular, a desenvolver inúmeros procedimentos para reconstrução cirúrgica dos anexos oculares. Seu Serviço plasmou inúmeros discípulos entre eles Hughes, quem, juntamente com Mustarde, Callaham, Byron Smith e Lester Jones, entre outros, formaram os pilares da especialidade durante a II Guerra.
No período 1938-45, com os hospitais lotados de pacientes traumatizados e queimados, o trabalho de recuperação foi sendo naturalmente delegado aos profissionais especializados, tendo os oftalmologistas assumido a área órbito-palpebral. Um enorme impulso foi dado à especialidade através de novos conhecimentos em anatomia, fisiologia, patologia e técnicas cirúrgicas adquiridos por estes mestres e transmitidos à nova geração.
No Brasil a Oculoplástica começou a se firmar como especialidade na segunda metade da década de 60, quando foi fundado no Hospital São Geraldo (UFMG) o primeiro serviço universitário inteiramente dedicado ao seu ensino, fazendo parte integrante do Curso de Especialização em Oftalmologia. Tive o privilégio de ter sido designado pelo professor Hilton Rocha para chefiar este novo departamento e de, cinco anos mais tarde, ter tido a oportunidade de aprimorar-me com o professor Mustardé. Seu Serviço era considerado um dos maiores centros de referência da especialidade. Foi um convívio extremamente profícuo que abriu novos horizontes para minha vida profissional. Estou plenamente convicto que aprendi a ter na mente o que Hilton Rocha e Jack Mustardé me ensinaram e no coração o sentimento de humanidade que dedicavam a seus pacientes. Estes ensinamentos tenho tentado passar aos mais novos, mas existem inúmeros fatores que hoje em dia dificultam cada vez mais rever o passado, avaliar e absorver a infatigável dedicação dos nossos predecessores à vida profissional, ao paciente, ao ensino, assim como as suas realizações e as lições de humildade e modéstia.
Um pouco mais tarde, em novembro de 1974, foi concretizada a fundação do Centro Brasileiro de Cirurgia Plástica Ocular, criado por três pioneiros atraídos pela dedicação à especialidade, o Dr. Evaldo Machado dos Santos que atuava no Hospital da Cruz Vermelha no Rio de Janeiro, o Dr. Eloy Pereira que iniciava sua vida profissional em Campo Grande e eu em Belo Horizonte. Nossa meta era congregar os oftalmologistas interessados em adquirir conhecimentos, difundir e desenvolver a especialidade. Em 1979, sob a direção do Dr. Eurípedes da Mota Moura e do Dr. Waldir Portellinha, o Centro foi juridicamente transformado em Sociedade, adquirindo assim condições para se filiar ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia dois anos mais tarde.
Hoje, fazendo uma retrospectiva do esforço que fizemos para alcançar nossos propósitos através das inúmeras palestras, cursos, participação de congressos e simpósios, publicação de trabalhos e mais recentemente, da edição de um livro que foi Tema Oficial do Congresso Brasileiro de 1997, escrito por todos aqueles que mais tem se dedicado à especialidade, vemos que este trabalho foi recompensado pelo crescente aumento do interesse pela Cirurgia Plástica Ocular. Formaram-se cirurgiões oculoplásticos completamente treinados, muitos atualmente chefiando serviços universitários que multiplicam os profissionais habilitados a exercer a especialidade. Como semente, o Centro, sonho dos três mosqueteiros, transformou-se em uma grande entidade com centenas de membros filiados que ocupa lugar de destaque no meio oftalmológico nacional, graças a todos aqueles que a tem dirigido com eficiência e dedicação rumo aos seus objetivos.
Os avanços obtidos pela moderna tecnologia computadorizada e bio-engenharia genética que nos chegam através das vídeo-conferências e simpósios vias satélite, Internet e outros recursos sofisticados de comunicação, nos fazem prever um brilhante futuro para nossa especialidade.
Atualmente, nossa meta prioritária é buscar uma solução para o problema que a especialidade enfrenta, relacionado com a ínfima remuneração das cirurgias de Plástica Ocular, efetuadas nos pacientes de convênios em comparação com a das tabelas das outras especialidades oftalmológicas e também com o freqüente indeferimento aos pedidos de cirurgias funcionais, como a ptose, por exemplo, visto serem consideradas de finalidade cosmética. Esta situação afugenta e diminui o interesse dos jovens médicos pela especialidade, fato este comprovado no recente censo sobre o perfil do oftalmologista no Brasil, onde se verifica que apenas 10% dos recém-formados escolhem a Plástica Ocular como área de interesse. Além disso, esta disparidade financeira está fazendo com que muitos cirurgiões Oculoplásticos de renome estejam fazendo muitas vezes mais cirurgias refrativas.
O futuro depende da união da classe para fazer frente aos desmandos da assistência à saúde do povo brasileiro, tanto no setor público quanto no setor privado. Todos estão sentindo os efeitos dos problemas já existentes e principalmente os mais jovens estão apavorados com a perspectiva do que está por vir. Estamos todos convictos da necessidade da união para reconquistar o direito de trabalhar em condições dignas e de respeito, cuja base é a relação médico-paciente. Eu particularmente dedico minha total confiança e apoio aos nossos líderes da AMB na guerra desencadeada para alcançar os objetivos desejados pela classe médica: resgatar definitivamente a medicina liberal, acabar com a intermediação lucrativa, remunerar o trabalho médico com justiça e oferecer ao paciente um atendimento condigno e ético. As primeiras batalhas já foram vencidas: o sucesso da instalação do plano SINAM e a promoção do Fórum em São Paulo que reuniu 1206 entidades médicas que compõem o Sistema Federativo da AMB. Isto me faz sonhar com a união de todos os oftalmologistas em torno de nossa entidade máxima, o CBO, e este, engajado em um sistema, no qual as Cooperativas, os Sindicatos, as Associações, os Conselhos, e todas as instituições médicas sejam englobadas em um só corpo politicamente forte e poderoso, em uma só ordem, A Ordem Dos Médicos Do Brasil".
Murilo Alves Rodrigues Presidente |
Roberto Limongi Vice-presidente |
Ícaro Soares Tesoureiro |
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Felipe Pereira Tesoureiro Adjunto |
Midori Osaki Secretária-geral |
Patrícia Akaishi Secretária Adjunta |
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Sílvia Carvalho Diretora Social |
Mário Pereira Defesa de Classe |